Depois de diversos ajustes na taxa básica de juros, os investidores passaram analisar alternativas de aplicações que apresentassem maior rentabilidade. Com a crise do coronavírus, o mercado nacional não mostrou-se suficientemente seguro para o bolso do público.
Desde 2019, os analistas do mercado passaram a notar um crescimento de emprego de capital em portfólio com exposição ao exterior baseado nos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
Como “saída de emergência”, os gestores começaram a enxergar os investimentos no exterior como uma boa opção. De acordo com a gestora de ativos Bridgewater, aplicar o capital de forma diversificada no mercado internacional é uma estratégia interessante para quem busca maiores ganhos.
Entenda a nova tendência de investimento do público brasileiro.
Investimento no exterior capta bilhões de reais
Conforme a Anbima, cerca de 62,8 bilhões de reais foram alocados para fundos de investimentos no exterior nos últimos 12 meses contando com julho.
- Do montante total acumulado cerca de 36 bilhões de reais foram aplicados entre janeiro e julho deste ano.
O resultado obtido mostra crescimento de 34,8%, isto é, 46 bilhões de reais a mais de captação líquida do que a registrada entre 2018 e 2019.
Um dos principais fatores que levam à busca de opções fora do país é o corte da Taxa Selic para 2%. Com isso, boa parte dos investidores considerados conservadores ficaram desmotivados com suas aplicações em renda fixa com rentabilidade atrelada à inflação.
De acordo com previsões Banco Central, o medidor oficial IPCA opere em 1,63% no final de 2020 bem abaixo da meta anteriormente estipulada pela instituição.
Com esses fatores, os gestores do país passaram a migrar seus recursos para alternativas que apresentem mais ganhos. Já que o mercado doméstico não está favorável, consequentemente o panorama no exterior pareceu atrativo.
Apesar das restrições para investidores de varejo nas aplicações no exterior, a exposição do portfólio de ativos ao mercado internacional cresceu significativamente no ano marcado pela pandemia.
Exposição de carteira ao exterior cresce na pandemia
Segundo informações da Anbima, a exposição da carteira de renda fixa ao exterior apontou forte crescimento mesmo em meio à crise do coronavírus.
Conforme a associação, a categoria de investimento com aplicação em mais de 40% em ativos de fora do país possui 2,453 bilhões de reais em patrimônio, ante 684,7 milhões registrados até julho do ano passado. Outras classificações também avançaram.
- Ações investimento no exterior: alta de 22,6%, para 87,058 bilhões de reais;
- Multimercados investimento no exterior: patrimônio líquido de 503,937 bilhões de reais, ante 392,1 bilhões em julho de 2019;
Por outro lado, a aplicação em renda fixa com no mínimo 80% de capital destinado aos títulos públicos brasileiros recuou 22,6%. O patrimônio líquido desta categoria foi reduzido em 152,648 bilhões de reais entre janeiro e julho de 2020.
Para Fabiano Cintra, especialista da Xp Investimentos, este resultado é justificado pela preocupação dos investidores locais em proteger sua cesta de aplicações. A iniciativa oferece equilíbrio à exposição do capital ao mercado nacional, que hoje é considerado de risco.