Com os sucessivos cortes na taxa básica de juros, a Selic, os títulos públicos passaram a ser vistos como “barco furado” para os investimentos, tendo em vista uma rentabilidade inferior às outras opções de aplicação.
Mas, ainda sim esses papéis tiveram alta no mês de julho descartando a visão de que essa forma de empregar dinheiro estaria comprometida com a crise do coronavírus. O título do Tesouro Direto IPAC+ (papéis indexados à inflação) por exemplo, teve o seu melhor desempenho.
Estes títulos com vencimento em 2045 registraram alta de quase 15%, contra valorização de 8,3% do Ibovespa que beirou aos 103 mil pontos. Este resultado foge da análise esperada para o cenário de ganhos no mercado acionário superiores aos dos papéis públicos.
Motivadores da valorização dos títulos públicos
Segundo analistas do mercado, a valorização dos títulos públicos ocorreu em razão da marcação a mercado, isto é, a atualização do preço pago pelo mercado pelo papel negociado no dia.
A marcação a mercado é uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que ela pode expandir a rentabilidade potencial ao investidor, também pode levá-lo a ter perdas no investimento com o resgate antecipado da aplicação.
Segundo Weruska Goeking, especialista em investimentos, quando o poder público oferece retorno financeiro maior que o previsto em troca de seus papéis, entende-se que as ameaças ao mercado financeiro aumentaram e que o governo precisa pagar mais para atrair o investidor.
O medo da nova onda de contágios da Covid-19 nos países como EUA, China e Japão refletiu nas expectativas dos investidores e profissionais. Os conflitos políticos e econômicos entre Estados Unidos e China igualmente estimularam este receio.
A instabilidade econômica atrelada à marcação a mercado resultou no fechamento em azul dos títulos públicos. Diferente do que aconteceu no primeiro semestre, onde os papéis sofreram desvalorização de 15,8% entre janeiro e junho, conforme o Valor Investe.
Já o mesmo título com o prazo próximo a 2020 mostrou rentabilidade menor, com ganho de 3,03% para 2026 e 3,03% com acúmulo em 2020 de 5,88%, no papel com vencimento em 2024.
O tesouro IPCA+ com juros semestrais teve apreciação de 6,55% e sem juros semestrais registrou alta de 8,11%.
Tesouro Prefixado
Este papel também chamou a atenção nos resultados no último mês, o Tesouro Prefixado com vencimento em 2023 teve uma valorização tímida de 1%, mas no acumulado deste ano mostra alta de 8,12% e valorização de 12,4% em 12 meses.
O mesmo título com prazo para resgate em 2031 mostrou apreciação de 3,12%. Já os com juros semestrais 3,49% e sem juros semestrais 6,55%. A rentabilidade do Tesouro IPCA+ e do Tesouro Prefixado ficou acima da variação de 0,19% do CDI no mesmo período.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic, outro queridinho dos investidores conservadores, apresentou tímida valorização de 0,19%, no resgate para 2021, 1,88%, 2023, e 0,15%, 2025.
Isenção da taxa de custódia no Tesouro Selic
De acordo com a B3, os investimentos de até 10 mil reais no Tesouro Selic passaram a estar isentos da taxa de custódia desde 1º de agosto. A previsão é que a iniciativa beneficia cerca de 53% dos investidores deste papel público.
A cobrança da taxa em 0,25% ao ano permanecerá nas aplicações que forem superior a 10 mil reais. Para os papéis prefixados e indexados ao IPCA nada mudou, também serão igualmente cobrados em 0,25% a.a.